Ele não tem gosto,
não tem cor,
não é nada mais
que ar,
apesar dos seus rótulos
sentimentalmente ridículos.
Maldito sejam seus ouvidos!
A música que eles ouvem
não vem do coração.
São ondas sonoras
que se propagam
de um instrumento sujo,
cheio de bactérias.
Maldito seja seu coração!
Ele não é nada mais
que uma válvula
de bombear sangue.
Não sente, não chora,
não ri.
Malditos sejam seus sentimentos!
Não existe amor,
não existe ódio,
não existe nada
dessas futilidades.
O ser humano
apenas reage
aos estímulos
e aos instintos.
Maldito seja o bentido!
E também o maldito.
Não existe bem ou mal.
É tudo conversa
para tirar dinheiro
e ação.
Ah, maldita seja a poesia,
esse inútil instrumento
de iludir os cérebros
imbecis!
Cesar Miller de Almeida