domingo, 31 de maio de 2009

Consulta premeditada

- Dói muito, doutora!
- Onde?
- Onde eu não sei. Só sei que dói.
- Vou encaminhar o senhor para uma bateria de exames,
para descobrirmos onde é essa dor
e acabar com ela.
- Mas eu sei como acabar com essa dor, doutora.
Eu vim aqui pra isso.
- E como acabar com a dor, então?
- Me dá um beijo, doutora!

Fábio Pedro Racoski

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quem?

O que sou?
Um professor louco?
Um poeta sóbrio?
Um polaco brasileiro
curitibano?
Um multi-instrumentista principiante?
Eu sou o que você
diz que sou?
Ou sou o que eu digo
que não sou?

Ou sou só um dístico, como esse:

Já me disseram que eu sou um nerd.
Mas como pode, se eu vivo na "merd"?

Fábio Pedro Racoski

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Roxo

Sonhei que tudo estava
roxo.
Casas, carros, gatos,
esquinas, corações.
O céu roxo, as pessoas,
todas roxas.
E no roxo em que o mundo
havia se tornado,
tudo era paz,
tudo era música
e dança sem métrica,
amor sincero
e paixão vivida.

Mas acordei
num mundo colorido
e sem graça.

Fábio Pedro Racoski

domingo, 24 de maio de 2009

Aviso sobre o mural

Amiga leitora, amigo leitor,

eu retirei o campo para e-mail ou URL (endereço de página) nas opções do mural, pois muitos colocaram seus e-mail pessoais. Então, para evitar que esses endereços sejam alvos de mais mensagens com spam, propagandas falsas, vírus e outros males da Internet, retirei esses links.

Peço desculpas aos blogueiros que postavam um atalho para seus blogues. Eles continuarão presentes aqui em minha sessão de favoritos e, se quiserem, num recado do mural.

Sintam-se em casa!

Wojciechowski

Um poema de meu poeta curitibano vivo favorito: Antonio Thadeu Wojciechowski:

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POEMINHA COM PROFUNDA INDIGNAÇÃO CONTRA TUDO E CONTRA TODOS.

Eu estou de pé
Mas meu mundo caiu
Tenho muita fé
Mas puta que o pariu!
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polacodabarreirinha.wordpress.com

sexta-feira, 22 de maio de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O físico do poeta

Tanta gente de
constituição média,
constituição fraca,
e eu aqui, torto na vida,
de constituição polaca.

Fábio Pedro Racoski

quarta-feira, 20 de maio de 2009

615 às 6:15

Sobe a incógnita beleza nipônica
os degraus do popular coletivo:
acende a vida em minha visão biônica,
me sequestra, me transforma em cativo.

Ó, musa juvenil, porte sensual,
de viés me fitas, e penso no flerte.
És, alva, minha estrela matinal
e ainda estou aqui por conhecer-te.

Valei-me, destino, que hei de lutar
contra a distância do nada e encontrar
em teus braços meu acalanto eterno

ou, quem sabe, cantar uma canção
aos teus cabelos negros, à paixão,
por um valoroso abraço fraterno.

Fábio Pedro Racoski

terça-feira, 19 de maio de 2009

Silvinho Monstrinho...

Amiga leitora, amigo leitor,

Você já deve saber da crueldade tomada pelo Sílvio Santos em busca de audiência, fazendo uma menina de seis anos - sim, a Maísa não é um anão - sofrer.

Não vou colocar os vídeos da Maísa chorando, em pânico, cansada, constrangida, envergonhada, humilhada pelo magnata sem coração Senor Abravanel. Sentimentos que nós, humanos, temos que superar e lutamos tanto para que nossas crianças não passem por eles tão cedo. E o Sílvio pai de família se esquece disso. Em nome da audiência...

É culpa sua, também. Você das caravanas, que faz coro ao "bullying" do idiota de peruca; você que adora assistir esse espetáculo triste, e ri junto com o sorriso de marfim. Você que acha graça no sofrimento emocional de uma criança.

O Mauricio Ricardo, do Charges.com.br, pai de família, lançou a campanha "Liberdade para Maísa". Campanha à qual eu aderi, não por querer um domingo melhor na TV (já que mal acompanho a programação televisiva), mas pelo bem da Maísa, de seis anos, em nome de todas as crianças do Brasil, que passam por sofrimentos como esse e, infelizmente, muitas delas por um sofrimento infinitamente maior.

Convido os blogueiros que acompanham o Rádio Gordo para aderirem a essa campanha.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

LOST: John Locke, antes da ilha...

Como fã de LOST, procuro saber mais sobre os atores dessa ótima série. Terry O'Quinn, que interpreta o John Locke, é violonista e cantor dos bons, e não fazia ideia disso!

Aqui, um vídeo do Terry em 1989, cantando num programa da MTV americana.

sábado, 16 de maio de 2009

Welcome to Rádio Gordo!

Amiga leitora, amigo leitor, klingons e vulcanos...

O nome "diferente" deste blogue, Rádio Gordo, é usado por mim, Fábio Racoski, desde 2006. De lá para cá, mantenho contas no Youtube, no Twitter e em outros serviços com esta alcunha.

Mas eis que um rapazote canadense, chamado Gordon Nicholson, começou sua carreira de cantor profissional em 2008. Adivinhem o nome artístico adotado por ele? Sim: "Radio Gordo" (é sem acento, é sem acento...)!

O "Radio Gordo" canadense tem carreira obscura, já que não encontrei músicas, álbuns ou matérias sobre seus shows. Então, galera, peço licença para deixar aqui um recado aos falantes de língua inglesa (ainda que meu inglês seja mais feio que o Príncipe Charles!).

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Hey there, people. I'm not Bobby Brown.

I'm Fábio Pedro Racoski, author of the Rádio Gordo blog, twitter and Youtube channel. I use this name since 2006, because I'm fat ("gordo" in portuguese) and I want to "radiate" my thinkings, my poetry, my humor.

I live in Curitiba, southern city from Brazil. My blog is lusophone, like my life. So, if you want to learn the portuguese language, follow me!

twitter.com/radiogordo
www.radiogordo.com

www.youtube.com/user/radiogordo

Ê, vida boa!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Zumbi

Meu olhar lácteo,
cego,
ofuscado pela luz de
painéis, televisores, monitores,
absorvendo ordens e vomitando
frases prontas.

Zumbi.
Sou um zumbi,
Um entre milhões,
Nada entre tudo.
Desmorto
nascido para um mundo
de saberes prontos,
embrulhados para presente.
Autômato de carne, osso e fluidos.
Número, voto,
pronto para dizer sim.

Mas sou um zumbi cansado
de dizer sim,
de ser número.
Sou um zumbi tomado
por uma vontade incontrolável
de desmorrer para a vida.

Fábio Pedro Racoski

terça-feira, 12 de maio de 2009

Que palavras devo usar para agradar-te?

Notícia publicada no site da BBC Brasil, assinada por Guila Flint (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090511_papa_holocausto_gf_cq.shtml):
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O presidente do conselho do Museu do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, rabino Meir Lau, se disse "desapontado" com o discurso feito pelo papa Bento 16 na instituição israelense nesta segunda-feira.

Para Meir Lau, ex-Grão Rabino de Israel e sobrevivente do Holocausto, o líder da Igreja Católica "perdeu um momento histórico" em seu discurso, que fez parte da visita oficial de cinco dias do pontífice a Israel e aos territórios palestinos.

"Houve algumas coisas que não foram mencionadas no discurso do papa", declarou Lau, "ele não mencionou o número exato das vítimas do Holocausto e, diferentemente de seu antecessor (o papa João Paulo 2º, que visitou Jerusalém em 2000), que disse a palavra ‘assassinados', o papa atual disse que as vítimas ‘foram mortas'".

Meir Lau também disse que "o papa anterior mencionou que os assassinos foram os nazistas, e, no caso de hoje (segunda-feira), não foi dito quem foram os assassinos, não se mencionou nem os nazistas e nem os alemães".

O maior site de notícias de Israel, o Ynet, resumiu a visita do papa ao Museu do Holocausto com as palavras "acabou mal".

Em seu discurso, o papa Bento 16 condenou a negação do Holocausto e pediu que "os nomes destas vítimas nunca pereçam, que seu sofrimento nunca seja negado, depreciado ou esquecido".
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A notícia continua, mostrando a posição neutra do Governo de Israel, que chegou a criticar - indiretamente - a atitude do rabino Meir Lau.

O problema de dívidas sociais históricas é que elas dão margem para sensacionalistas, supremacistas das minorias e "porraloquistas". "Ah, meu povo sofreu isso, então você precisa falar desse jeito, com força, com gritos" ou "Os meus foram mortos pelos seus, por isso você precisa pedir desculpas para mim eternamente" são pensamentos dispensáveis nesse mundão twittado de hoje que busca a igualdade de dignidade e respeito.

Não, este gordo não quer dizer que o Mahmoud Ahmadinejad (presidente do Irã, amigo do Prince) está certo ao negar o Holocausto. Ele é maluco. O Holocausto existiu, não só para os judeus, mas para gays, comunistas, ciganos, testemunhas de Jeová, polacos em geral... Também existiu o genocídio armeno promovido pela Turquia no início do Séc. XX, pouco lembrado pelo mundo. O que quero dizer é: existem dívidas sociais; elas devem ser pagas; deve-se guardar a memória de tragédias assim para que elas não se repitam; mas não é preciso sensacionalismo e bajulação para agradar a um ou a outro.

O papa Bento XVI, nascido Joseph Ratzinger, alemão. O rabino Meir Lau, sobrevivente do Holocausto. Para que usar palavras seletas, agradar egos, se esse encontro já mostra, por si, que aquele horror é um passado superado? Sofrido, lembrado, mas superado.

domingo, 10 de maio de 2009

Parto triste

Triste fim de quem não teve começo,
vida perdida antes mesmo de ter.
Cai o pranto de acumulado apreço
aniquilado ao ver-lhe à luz morrer.

Ó, vida, por que me trazes tão cedo
o fim de esperanças num ventre cheio?
Arrancas a paz e injeta-nos medo
de esperar por um mundo menos feio.

Choram os risos, cala-se um minuto
o mundo ao ver caixão tão diminuto
quanto a força temporal entre os seus.

Chora o sol, a lua, tudo é só pranto
pela vida que foi sem acalanto,
pela morte que o levou cedo a Deus.

Fábio Pedro Racoski

quarta-feira, 6 de maio de 2009

LOST

Não há tempo,
lugar, condição,
paixão, poesia
que me tire
dessa condição.

Perdido, eternamente perdido.
1970 em 2009.
2047 em 1988.
Verão no inverno.
Casaco em janeiro.

Perdido porque me encontrei
num caminho sem partida
e sem destino.
Vida volátil, veloz víbora
que me consome ao mesmo tempo
que me dá sabedoria e alma.

Perdido. E em estar perdido,
encontrado em mim mesmo.
Imune a Cronos,
às bactérias,
ao envelhecimento,
aos vermes da terra.

Sendo perdido, sou livre.
Sou eterno.
Sou professor.
Sou poeta.
Fábio Pedro Racoski

terça-feira, 5 de maio de 2009

Tristes Lusíadas da Era Moderna

As armas dos varões avassalados
Por cóleras em corpos sifilíticos
Por mares nunca d’antes chorumados
Seguiram com seus barcos paralíticos.
Novos tempos tristes nos trazem fados
Mais trágicos, mais sôfregos, mais críticos.
Ó mar salgado, de poluído sal:
Chora o mundo junto de Portugal.

Fábio Pedro Racoski

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Seis álbuns e uma decepção

Amiga leitora, amigo leitor,

Indicado pelo Anderson (do Blog do Malcan) para continuar esse meme (http://pt.wikipedia.org/wiki/Meme), estou eu aqui para mencionar seis álbuns de música - que comprei ou "escutei na net" - que considero maravilhas e um no qual atearia fogo. Então, comecemos do início, sem ordem de classificação:

Dedicado a Antonio Machado, poeta (1969) - Joan Manuel Serrat
Álbum do cantor catalão de maior sucesso da história, ele traz composições feitas sobre os versos de um dos meus poetas preferidos, Antonio Machado. Todas as canções são marcantes, principalmente dois belos poemas do Machado: "La Saeta" e "Cantares". Anexo aqui um vídeo, daqueles cheio de fotos, mas com a versão original do "Cantares", incluindo os metais.

Pagodes (1977) - Tião Carreiro e Pardinho
É mais um daqueles discos-coleção, com sucessos sortidos do artista. Mas é nesse que eu conheci o pagode de viola, criação genial do também genial Tião Carreiro, na companhia do virtuoso Pardinho. Nesse álbum, conheci "Rei do Pagode", "Chora viola" e o "Pagode em Brasília":

The Magic Numbers (2005) - The Magic Numbers
Álbum de estreia da banda mais "fofa" do rock. Já postei sobre eles aqui. É uma das minhas preferidas: som de qualidade, cantam temas abandonados ou pouco trabalhados por outras bandas. É desse álbum a já comentada "I see you, you see me", a melhor canção de dançar juntinho que já ouvi; e "Forever lost":

Fiesta de Los Andes (1994) - Los Koyas
"O que, seu gordo? Banda peruana de música boliviana?" Não, meus queridos: não é mais um daqueles grupos andinos que tocam versões de Yesterday e Let it Be com zamponha e bateria de tecladinho. É um grupo de música andina legítimo, com charango, quena, zamponha etc. Esse álbum é de músicas instrumentais. Entre elas, "El condor pasa", "El humahuaqueño" e "Sonccoyman":

American Idiot (2004) - Green Day
"Olha, o gordo é EMO!" Não, não sou emo. Para mim, não há nada de negativo ou positivo em ser emo: é uma moda, assim como foi o grunge nos anos 90 (aliás: Green Day é emo?). De qualquer forma, esse disco é, para mim, uma rara manifestação politizada na música atual. Transmite bem o espírito de "idiota americano" que surgiu depois do 11 de setembro. Entre as músicas do álbum, destaco "Wake me up when september ends":

Super Taranta! (2007) - Gogol Bordello
É o que de mais inusitado existe na música! Um grupo formado por gentes de todos os lugares do mundo, já classificado como folk-gypsy-punk-rock. Mistura punk com música cigana do Leste Europeu, principalmente. Gosto de saladas assim, e o som é divertido. Nesse álbum, destaco "Supertheory of Supereverything", "Wonderlust King" e "American Wedding":

AGORA, O LIXO, A DECEPÇÃO

Roberto Carlos Acústico (2001) - Roberto Carlos
Gosto de boa parte da obra do Rei. As canções da Jovem Guarda, o brega nos anos 70 e 80... Não curto a fase atual. Mas esparava muito desse álbum: comprei assim que foi lançado. E me decepcionei: as músicas estão descaracterizadas, não é o Roberto. Quiseram colocar arranjos sofisticados demais, o que transformou os clássicos do cara em música de elevador.

Tá, mas tem uma faixa que se salva: "Além do horizonte", ficou com um clima bem "sambinha bossa nova", até que agradável.

E, PARA CONTINUAR COM A MATÉRIA, ESCOLHO:

Merielle - O Sutiã Futurista
Igor - Carta e Verso
Marília - VidaFlôr