segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Lá vai a gorda

Lá vai a gorda.
Desfila sua beleza eclipsada
pelo sol da cegueira estética.
Rebola no gingado das suas curvas
mais curvas que a retidão
sonolenta
do seu pensamento,
pobre humano.

Lá vai a gorda.
Carregando em seu porte
a sina de ser invejada.
(Afinal, quem não gostaria
de viver fora
da escravidão da moda?)
Sorri timidamente,
ainda inconsciente
da sua doce beleza
ingênua.

Lá vai a gorda.
Mulher, gostosa, desejada.
Quem chora como você.
Quem goza como você.
Quem carrega no corpo
a beleza
da diversidade humana
que exige inteligência
para ser admirada.

Fábio Pedro Racoski

sábado, 12 de outubro de 2013

#microcontos

Ele a desejava tão fortemente, que conjugava seu nome no lugar do verbo "desejar".
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Vem, menino, faz da minha vida nossa dança de brincar.
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Vem, menina, faz da minha vida o caderno a colorir.
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Gosto de você desde o tempo em que eu não me conhecia.
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Gosto do seu gosto disposto no meu rosto.
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Cada um segue sua vida. Mas sem você a minha fica sem gosto, sem cor, sem música.
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Cada acorde de cada música sobre nosso amor é uma forma de fingir um beijo seu.
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Se os cientistas amassem como eu amo você, já teriam inventado o teletransporte.
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Vem, e sente no meu gosto o desejo de sermos um.
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Vende-se um beijo. Aceita-se troca por outro beijo.
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Seu amor bandido é criminoso, mas legítimo.
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Olhando nos olhos dela, conseguiu traduzir-se com lágrimas e palavras: "você é a mulher da minha vida".

Fábio Pedro Racoski

domingo, 6 de outubro de 2013

Quero um amor anarquista

Quero um amor anarquista
daqueles que não têm pista,
quero um amor liberdade
que seja nossa igualdade.

Eu quero um amor sem nome,
sem tempo, poder ou fome.
Quero querer todo dia
a paixão da nossa alegria.

E que as dores e o gozar
sejam nossos como o ar:
corram livres pelos beijos
livres em nossos desejos.

Fábio Pedro Racoski