quarta-feira, 30 de março de 2011

Bilocação

às vezes desejo
ser onipresente
para estar aí
quando você precisa
e eu não estou.

se não posso
abraçar,
se não posso
confortar,
se não posso
estar aí,
fique com meu verso
que é braço
do meu abraço,
que é alegre
porque é seu.

Fábio Pedro Racoski

domingo, 27 de março de 2011

TECNOLOGIA

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║      TECNOLOGIA      ║
║     TECNOCRACIA      ║
║     TECNOLATRIA      ║
║      TECNOGONIA      ║
║      TECNAGONIA      ║
╚══════════════════════╝

Fábio Pedro Racoski

#microconto

Cruzaram-se no corredor, trocaram olhares e seguiram para suas respectivas vidas incompletas.

Fábio Pedro Racoski

Sinto

eu posso errar,
mas o que sinto
é certo.

eu posso falhar,
mas o que sinto
é infalível.

eu posso calar-me,
mas o que sinto
é gritante.

eu posso não sorrir,
não mover-me,
não dizer,
mas ainda assim
eu te sinto.

Fábio Pedro Racoski

sexta-feira, 25 de março de 2011

Japão

quando alguém em outra terra
faz em ti felicidade
aí podes entender
a extensão de uma saudade

quando alguém além do toque
faz em ti imensidão
aí podes perceber
que não, não tens solidão

nesse mundo tão gigante
de vazio onipresente
o meu caminho se encontra
além do meu continente

Fábio Pedro Racoski

segunda-feira, 21 de março de 2011

Vento do mar

o vento
que vem
do mar
arranca meu chapéu
bagunça meu cabelo
acompanha a maré
e joga areia em mim
mas eu gosto
de uma forma
incrível
e eterna

assim
eu gosto
de você

Fábio Pedro Racoski

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ser poeta

o poeta não escreve frases
o poeta não encaixa rimas
o poeta não fabrica versos
o poeta não vomita cantos

poeta que é poeta
sangra poesia
até morrer
e renascer
no poema

Fábio Pedro Racoski

sábado, 12 de março de 2011

Sintel

Sintel (produzido por Ton Rosendaal, dirigido por Colin Levy e com roteiro de Eshter Wouda) é um curta-metragem de animação, produzido pela Fundação Blender. Inteiramente feito com softwares livres, o curta mostra a força da "geração Linux" (que usa, cada vez menos, programas proprietários, como os produtos da Microsoft).


Eu poderia escrever muito mais apenas sobre a questão do software livre. Mas quero comentar sobre o curta em si: uma belíssima animação, uma história tocante, bonita, com sons e trilha sonora bem encaixados. Guarde 15 minutos do seu dia para assistar a Sintel: um conto sobre a vida e o tempo que não vemos correr por uma obstinação. É bom ver um filme assim, feito de forma independente e com baixo custo, em meio a um cinema mercadológico de milhões de dólares.

Há o vídeo aqui, mas recomendo vê-lo na página do Youtube ou baixá-lo, em maior resolução (e também com as legendas) no site.

No site do projeto, há a opção de comprar 4 DVDs, que trazem o filme em NTSC, PAL, inúmeros extras, e todo o código fonte do curta (você pode fazer um "remake" ou uma obra derivada em casa!).

Para saber mais sobre o curta: es.wikipedia.org/wiki/Sintel_(film) (em espanhol)
Site do projeto: www.sintel.org

terça-feira, 8 de março de 2011

Hey woman

Hey woman,
I'm uncertain
but I think if I don't love you,
I am not a man.

Love you like a brother,
love you like my mother,
love you like a lover.

Hey woman,
I'm not sure
but I think, I feel that your soul
is my port secure.

Love you like a brother,
love you like my mother,
love you like a lover.

Hey woman,
I see the sky above
but God is not there, he's here.
You, Goddess, my love.

Fábio Pedro Racoski

Mujer

Yo
Podría cantar
tu historia
de llanto, sangre
y sufrimiento.
Podría contar
de tus días
de lucha, pasión
y protestas.
Quizás podría
hablar de tus
heridas abiertas
por monos tontos
que se llaman “hombres”.
Quizás podría
decirte
cómo te quiero.

Pero yo
puedo, debo y quiero
donarme a ti.
Eres mi todo
y de ti necesito
para tener
un alma.

Fábio Pedro Racoski

Além de versos

Mulher:
coragem.
Mulher:
beleza.
Mulher:
graça.
Mulher:
perseverança.
Mulher:
fortaleza.
Mulher:
vida.

Ah, as palavras...
Enganam,
mentem,
fingem...

Se é para falar
da mulher,
não escute
estes versos,
não fale nada.
Não há língua
que possa
defini-la.
Está além
da técnica
e limitada
compreensão
humana.

Apenas olhe,
veja, sinta,
viva e seja.

Fábio Pedro Racoski

sábado, 5 de março de 2011

Sinto a chuva

Sinto o cheiro da chuva
chegando,
o choro do céu,
chamego do chão,
chicote das casas
quando cheio fica o rio,
chama sem fogo
que dá vida e revida.

Sinto o gosto da chuva,
chá de saudade
e tristeza,
deixa para o chato
chatear-se,
festa para o desaconchegado
aconchegar-se.

Sinto-me a própria chuva,
a escorrer do céu solidão
a procura da terra plenitude.

Fábio Pedro Racoski

terça-feira, 1 de março de 2011

Vamos falar de coisas

Vamos falar
de coisas fúteis.
Vamos falar
de coisas passageiras.
Vamos falar
de coisas corriqueiras.
Vamos falar de coisas
banais.

Vamos falar
de tudo.
Filosofia, política,
religião, roupas...

Mas o mais importante:
vamos olhar
nos olhos.

Fábio Pedro Racoski