domingo, 24 de abril de 2011

Sou mulher

Sangro sem guerra,
morro sem morte,
broto sem terra,
sou firme e forte.
Sou mulher.

Choro sem corte,
rio sem piada,
sou sul, sou norte,
sou bruxa e fada.
Sou mulher.

Sou bela e feia,
sou diferente,
sempre sereia
do mar temente
da vida dura,
vida madura,
divina e bela,
nobre e singela.
Sou mulher.

Eternamente
e simplesmente
mulher, presente.

Ana Luiza Lem

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Ay, Deus, hu é mia senhor?

Ay, Deus, hu é mia senhor?
Muy mal fal a meu coraçon
Se non sodes aqui!
Se non sodes aqui!

Ay, Deus, hu é meu coraçon?
Muy ben será, mia senhor,
Se vos sodes aqui!
Se vos sodes aqui!

Ay, Senhor, hu é mia vida?
Ca eu cuid'a vos esperar
Quando sodes aqui!
Quando sodes aqui!

Ay, Deus, hu é meu coraçon?
Como doa esto vos dei
Para nunca partir!
Para nunca partir!

Fábio Pedro Racoski

#microconto

"Eu te amo!", ela disse. Mas ele não sabia ouvir a alma.

Fábio Pedro Racoski

sábado, 16 de abril de 2011

Vida adverbial

ansiosamente, dolorosamente,
alegremente, primeiramente,
já, não, ontem,
hoje, penosamente, felizmente,
infelizmente, cedo,
tardiamente,
agora, ainda,
amanhã, forçadamente,
pesadamente,
realmente,
ontem,
copiosamente,
eternamente.

Fábio Pedro Racoski

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Brisa

sabe quando
o vento gelado
sopra num dia quente
e você sente
um arrepio nos braços,
uma carícia no rosto,
uma saudade de dias
às vezes nunca vividos,
uma vontade de cantar
ao sopro da brisa?

então...
é isso que você
me faz sentir.

Fábio Pedro Racoski

#microconto

Esnobou, disse não, e seguiu em seu caminho vazio, com o ego inflado.

Fábio Pedro Racoski

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ósculo

o remédio
remediou
minha gripe

a injeção
protegeu
minha saúde

o gesso
manteve firme
minha perna

os pontos
fecharam
meu corte

o pão
alimentou
meu corpo

a palavra
me fez
refletir

e o seu beijo
me fez
respirar,
correr,
pensar,
viver...

seu beijo
é alimento
e razão
para minha
existência
que só existe
porque você
é.

Fábio Pedro Racoski

Ser mínimo

sou aquele
barulho chato
da corda trastejando
no violão

sou aquele desafino
irritante
nos uníssonos da viola

sou aquela nota perdida
sem acorde e sem tempo
vagando pela partitura
do teu coração

Fábio Pedro Racoski

terça-feira, 12 de abril de 2011

Doce e sóbria embriaguez

nem conhaque,
nem absinto,
nem rum.
meu maior entorpecer
é estar respirando
e lendo você.

Fábio Pedro Racoski

domingo, 10 de abril de 2011

Ana Luiza Lem

Uma poetisa aqui no blogue!

Ana Luiza Lem nasceu em 10 de abril de 1990, na cidade de São José dos Pinhais. Estudou em escola pública, gosta de rimar, escrever sobre a família, os namoros, os amigos mas, principalmente, tem paixão por qualquer poema do Carlos Drummond de Andrade.

Esporadicamente, quando o tempo entre as aulas na faculdade e o emprego numa loja de instrumentos musicais permiti-la produzir e enviar suas obras, publicarei aqui os poemas da Ana Luiza.

Menina crescida

Mãe,
não chores minha partida.
Estarei sempre contigo
nos sorrisos de menina,
no teu materno ombro amigo.

Mãe,
não chores a minha ida.
Mundo gira, vida segue.
Eu cresci, já sou eu mesma,
mulher à paixão entregue.

Mãe,
não chores minha partida.
Tu sabes, mãe, que mais cedo,
mais tarde, quiça amanhã,
voltarei, com esse medo
do mundo que me escondeste,
com o amor que me esninaste.

Mãe,
não chores, serei a tua
menina crescida, gente
grande e pequena o bastante
para em teu peito valente
habitar eternamente.

Ana Luiza Lem