sábado, 31 de janeiro de 2009

Na onda do obama...

Esta é a proposta e a vontade do Obama:
Esta é minha proposta e minha vontade:
Não: não sou artista gráfico. Sei pouco mais que o básico do Paintbrush. Usei de mais um desses sites criadores de "avatares": http://obamiconme.pastemagazine.com

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Davos: terra de Alpes, Neve... e revoltas!

Como muitos devem saber, acontece, na estância alpina de Davos, na Suíça, o Fórum Econômico Mundial, onde premiês e presidentes se encontram para debater assuntos pertinentes ao mundinho deles e de alguns fulanos e ciclanos!

Pois bem: vejam a revolta do primeiro ministro turco, Tayyip Erdogan:

"Não acho que eu voltarei a Davos, porque vocês não me deixam falar", disse o premiê turco depois de ter presenciado um discurso de 25 minutos do presidente de Israel, Shimon Peres, defendendo a atual ofensiva (a chacina?) sobre Gaza. "O presidente (Peres) falou por 25 minutos. Eu falei só a metade disso", comentou depois à imprensa Erdogan, que irritou-se com os moderadores do fórum.

Quando Tayyip se dirige a Shimon Peres, é a melhor parte: "Peres, você é mais velho do que eu. Talvez você esteja se sentindo culpado e por isso o senhor está sendo tão enfático nas suas palavras. Vocês mataram pessoas. Eu me lembro das crianças que morreram nas praias".

O revoltado anatólio, então, finaliza: "O presidente Peres estava falando ao primeiro-ministro da Turquia -- não sou simplesmente algum líder de algum grupo ou tribo, então ele deve se dirigir a mim adequadamente".

A atitude do primeiro ministro Erdogan não é inédita, eu sei (lembro-me de um premiê da Samoa Ocidental dar uma lição de moral no representante dos EUA em plena ONU), mas mostra como, mesmo num "fórum" - onde todos falam e escutam em igualdade -, países mais poderosos e amigos dos poderosos são ouvidos em primeiríssimo lugar. Ah: e quem é amigo do moderador também, assim como em fóruns de internet!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Papel de parede

Não sou artista plástico. Nem mesmo daqueles que jogam tinta contra quadro. Mas estava a fazer nada e desenhei um "sagrado coração". Saiu isso:

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O fim está próximo

Quando comecei a publicar o "Dia sem fim", disse que seriam dez partes. Como andei "reorganizando-o", teremos onze, para melhor leitura.

Então, aguardem: não próxima semana, a décima primeira e última parte do conto "Dia sem fim".

Dia sem fim (parte X)

“Não se muda da noite para o dia o mundo sem sonhos, mas o mundo dos sonhos, talvez.”, completou o sábio Wellington. Irina mudou a expressão – de atônita para profundamente triste –, olhou em meus olhos e disse: “no início dessa confusão, eu era a única ligação com a sanidade para o senhor, professor. E, agora, entendo que o senhor é a única ligação de existência para o universo não-físico. Tudo está em sua mente, e o senhor precisa se sacrificar para que os mundos não sumam.”

“Sacrifício? Não sou Jesus para morrer pela não-cultura da humanidade!”, disse, ainda não entendendo o propósito disso tudo. “Nós quatro precisamos nos sacrificar: toda a memória está, de um jeito que eu não entendo, dentro de nossas mentes.”, discursou Sarah. O fato é que, em tese, nosso sacrifício, naquele momento, nos levaria a uma existência não-existente, a fazer parte do mundo dos sonhos. Se morrêssemos ali, nossas memórias viveriam lá e tudo voltaria ao normal.

“Então, que comece o suicídio!”, disse novamente irônico. “Não podemos nos matar, mas precisamos que alguma coisa ou alguém do mundo de lá nos mate.”, respondeu Irina, antecipando nos olhos as dores da morte. Isso era, para mim, o mais absurdo de tudo, desde o céu roxo e o Interbairros II azul. Mas nada mais cabia em leis físicas, razão, religião.

Se for um sonho, morrerei e levantarei às seis para trabalhar. Se for real – o que é real? -, deixarei de existir? O mundo dos sonhos é uma existência ou não? Novamente sentia a embriaguez de um vinho que já não estava mais em meu corpo. A cabeça balançava involuntariamente: será isso o reflexo de uma epifania? Será que os santos assim se sentiam diante de uma revelação? Não: sou pobre, sou comum; Não sou guru, santo ou profeta. Sou um homem maravilhado em meio a mundo que não conheço.

“Quem nos mataria?”, perguntou Sarah. Depois de soluçar pensamentos, sugeri um algoz: “Fausto!”
CONTINUA...

domingo, 25 de janeiro de 2009

¡He nacido en Paraguay!

Ouvindo a histórica canção "Born in the USA", de Bruce Springsteen, resolvi fazer uma paródia bilíngue usando-se da mesma melodia e quase o mesmo refrão. Como sou péssimo cantor, publico a letra para que você, amigo e amiga leitor, possa cantá-la!

No he nacido en aquel rincón
lleno de alambres pero sin emoción
donde los aviones explotan edificos
y la libertad es solo un artificio

Born in the Paraguay
I was born in the Paraguay
I was born in the Paraguay
Born in the Paraguay

Nuestro pueblo fue asesinado
en guerras con Brasil, en El Chaco
sufrimos privaciones con dictaduras
nuestras tierras guaraníes de rojo están impuras

Born in the Paraguay
I was born in the Paraguay
I was born in the Paraguay
Born in the Paraguay

Pero tenemos Ypacaraí,
la guarania en las manos de Cuñataí
Un pueblo fuerte y cantante que hace del arpa
y sus cuerdas una bella canción de patria

Born in the Paraguay
I was born in the Paraguay
I was born in the Paraguay
Born in the Paraguay

Otros días buenos han de llegar
donde nuestro pueblo pueda ganar
su riqueza de vida, lo que merecer
pues somos más ricos que pueda parecer.

Born in the Paraguay
I was born in the Paraguay
I was born in the Paraguay
Born in the Paraguay

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Tuíte!

Acabei por conhecer, esses dias, o tal do Twitter: um "microblogue", para atualizações rápidas.

Percebi que as pessoas acabam escrevendo um diário: "agora estou fazendo isso", "agora estou no banheiro!", etc. Mas há alguns que usam essa ferramenta como noticiário rápido, informativo de atualizações em algum sítio ou blogue...

Então, fiz meu "tuíte"! Quem quiser "me seguir", é só acessar o Twitter Rádio Gordo (twitter.com/radiogordo - é necessário fazer um rápido cadastro). O que publicarei lá: curtas! Pensamentos, devaneios, atos rápidos que não posto no blogue. Sempre, claro, com bom humor!

Endechas a ONU

Nobre casa das nações,
Pobre casa abandonada.
Paletós sem emoções,
carruagens sem estrada
que, afogadas no chorume
da fecal miséria humana
vivem na mesquinha gana
do ouro-amor, único ciúme.

Ah, ínfima sigla azul!
És tão curta quanto tua
ilustríssima vontade
de ser justa - igualdade?
Tu te enganas como a lua
que se faz passar por sol.
Surda a bombas em Cabul,
cega a sangue de etanol.

Triste casa das nações,
niguém te ouve, ó, apática.
Nem aos patrões és simpática,
vives envolta em ilusões.
Capacetes já não brilham.
Foi-se a Bósnia Herzegovina,
não entendem Palestina.
Caminhos vãos inda trilham.
Fábio Pedro Racoski

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Miguxos?

Ontem meu primo Daymon, do Blog da Birosca, me apresentou o Miguxêitor (http://www.coisinha.com.br/miguxeitor/): uma traquitana virtual bizarra que traduz qualquer texto do português para o "miguxês", linguagem usada por emos e usuários de comunidades e chats. Há três "modalidades" do miguxês: o clássico, da era ICQ; o moderno, da era MSN; e o neo-miguxês, oriundo de Orkut e Fotolog.

Vejam o resultado com "Versos Íntimos", de Augusto dos Anjos, no neo-miguxês (para o original, acesse http://www.releituras.com/aanjos_versos.asp):

veRsUxXx INTIMUxXx

vEixXx!!!!!??!?! NINgUem AXXistiU Au fORMIdAVEU
EnterRU di TUaH ULTImaH kImeRAh......
SOmEnTi a inGrAtIDAUm -- EsTah PanteRaH --
foI tuAh komPanheRAh inSepARaveU!!!!!

aCosTUmAh-Ti A LaMAH kI ti espERAh!!!!!
u hoMEM...KI...nEStAH tERraH MISErAveu...
moRah...ENtRe FeRaxXx...sENtI iNvEVItAVeU
NeCeXXidadI dI TB SE FeRAH......

tomah 1 fosForU...... acenDI TEu CIGaRru!!!!!
U Bju...MIGuxXxU...eh a vESPeraH du eSCaRru...
A maum kI afaGaH eh a Msm ki apEdrEjah......

SI A alGUEM kAUzaH INDah pEnAH A tuaH xXxAgaH...
ApeDRejAh eXXah MAUm VIu ki Ti aFAgah...
EScARrAH neXXah boCAH kI Ti BeijAh!!!!!

Para nossa sorte, o Augusto escrevia em português!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Dia sem fim (parte IX)

Tudo sumiu. O que vi diante de mim o braço do sofá. Acordei. Acordamos. Mais um sonho dentro do pesadelo pelo qual passávamos. “Vocês estavam lá? Viram o escaravelho, a frase em latim?”, perguntou Sarah. A resposta afirmativa de todos foi um atônito balançar de cabeça. “Alguém entende latim?”, perguntei, já descrente de uma afirmação. Para minha surpresa, Sarah alegou conhecer a língua. “Fortuna Imperatrix Mundi significa Sorte (fortuna) imperatriz do mundo. Oblivio Imperator Mundi quer dizer ‘Esquecimento Imperador do Mundo’”.

“Hã? O Imperador é o esquecimento? A falta de memória? Isso não tem sentido!”, afirmei impaciente. “Mas eu disse que esse Imperador poderia ser alguma coisa e não alguém.”, replicou serenamente Irina. O imperador a quem devemos derrotar é o esquecimento. De quê? A falta de memória do povo, seria isso? É o que nós quatro discutíamos. Eu já não tinha mais paciência: esquecimento, sonhos, luta para salvar o Universo... Era tudo advindo da literatura que sempre abominei: fábulas, heróis, bem e mal, personagens superficiais...

“Esquecimento... Será que essa doideira toda é como aconteceu no filme História Sem Fim, onde o mundo da fantasia estava sumindo porque as pessoas não viviam mais as imaginações nele?”, filosofou Wellington. “E onde está o cão voador?”, repliquei ironicamente. “Mais paciência professor: o que o Wellington disse parece sem sentido, mas pode estar bem próximo do que está acontecendo.”, alertou-me Irina, não tão serenamente. “Se for isso, o que vamos fazer para impedir a destruição dos mundos?”, perguntou Sarah.

Wellington levantou-se do colchão, fez expressão de quem sabe centenas de anos de cultura e discursou: “o mundo da imaginação não é físico, como o nosso. Assim, não segue as leis universais da física. O eixo, a órbita que sustenta esse universo de imaginação parece ser, pelo menos para mim, as mentes das pessoas. Se não lemos, não assistimos filmes, não temos lendas, fábulas, heróis, vilões, terras mágicas em nossa imaginação, o mundo dos sonhos perde a sustentação. Nós devemos, então, reviver a imaginação!”.

Mas como fazer isso em horas, dias? Um mundo sem sonhos não se muda da noite para o dia.
CONTINUA...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Amor e música

"Quando vi aquele mulato tocando violão, me apaixonei". Foi o que disse Ana Eufrasina da Silva, referindo-se a Francisco dos Santos, violonista que se apresentava no Circo Nova Iorque, em Araras, no ano de 1941.A bela morena de 17 anos, então noiva de outro homem, desfez o antigo relacionamento para casar-se com o mulato e começar uma história de amor e cantorias: a dupla Cascatinha (Francisco) e Inhana (Ana).

Uma das mais belas duplas caipiras brasileiras, o casal se destacava pelo virtuosismo: Inhana sustentava facilmente agudos líricos; Cascatinha mostrava beleza e sofisticação numa segunda voz bem trabalhada. O sucesso veio com a canção "La Paloma", mas a consagração chegou com as versões de guarânias paraguaias - o que popularizou o ritmo no Brasil -, entre elas o maior êxito da dupla: "Índia", de Guerrero e Flores, na versão de José Fortuna, compositor preferido de Cascatinha.

O virtuosismo da dupla envolvia improvisações, como este trompete feito em mãos de Inhana:

Inhana veio a falecer em 1981. Depois da morte da esposa, Cascatinha apresentava-se esporadicamente em Votuporanga e em São José do Rio Preto onde, em 1996, deixou este mundo para voltar à sua vida: seu grande amor e poesia, Inhana.

Quem sabe faz ao vivo, juventude! Quem sabe ama vida e a música. Não ponham crédito em falsos astros que dublam seus próprios gemidos, como Block Party, Britney Spears e Madonna.

Blindagem

Você, caro leitor, já ouviu o Blindagem? Certamente não: esse é mais um caso de bons músicos que não vingam na mídia por diversos motivos: desencontros, falta de "jabá" (ágio pago para tocar música nas rádios e na televisão), falta de beleza física ou apelo sexual.

O Blindagem é uma banda de Curitiba, formada no final dos anos 70. Suas músicas navegam entre folk, blues e rock clássico. Originalmente formada por Paulo Juk (baixo), Amauri Stochero (guitarra e vocal), Alberto Rodriguez (guitarra) e Mário Júnior (bateria), o grupo recebeu dois membros decisivos para a música feita por eles: o vocalista Ivo Rodrigues e Paulo Teixeira, que vinham da banda "A Chave".

Um fato que marcou o espírito roqueiro da Banda, em plena curitiba provinciana, foi a apresentação no Teatro Universitário de Curitiba: todos nus, pelados.

Nos anos 80, em meio à febre do Rock brasileira, o Blindagem implacou alguns sucessos nas rádios nacionais. Já em 1998, a banda gravou o disco "Dias Incertos", onde colocou uma canção nas rádios do Paraná - Miragem - e criou um hino de todas as pessoas que não nasceram com o ** virado para a lua: "Dias Incertos".

Em 2008 o Blindagem publicou um DVD do show-concerto em parceria com a Orquestra Sinfônica do Paraná. Compõem a banda, hoje: Alberto Rodriguez, Ivo Rodrigues, Paulo Teixeira, Paulo Juk e Rubén "Pato" Romero. Ainda continuam na ativa, fazendo shows e tocando muito rock. E podem me chamar de bairrista: eu não ligo!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Não aguento mais. Vou-me para München!

Parece que a língua portuguesa está na boca do povo, para além do sentido literal: ela virou notícia. Nunca imaginei ouvir conversas sobre ortografia em botecos e padarias com essa intensidade. Mas, como de costume, o assunto polêmico e importante é mal interpretado: o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Encontrei, na rua, um aluno a quem dei aulas de português. A primeira pergunta que ele me fez: "mas por que a gente tem que falar diferente agora? Idêia, estrêia... parece argentino! E linguiça, então? Sem a trema vai ficar esquisito!"

Talvez seja esse o "medo" geral: mudar a fala. Expliquei ao aluno que o acordo é ortográfico, apenas. Afeta o que se escreve, e não o que se fala. Comentei alguma coisa da linguística, que temos infinitas variantes na fala mas precisamos de uma ortografia "comum". Até lembrei do fato de as línguas na China se entenderem por uma mesma escrita.

Mas não retirei meu aluno da desconfiança: ele já está com saudades da trema! "A gente vai confundir as palavras, professor", argumentou. Evanildo Bechara, um dos (ir)responsáveis pelo Acordo, havia feito um comentário sobre essa suposta confusão: "ninguém confunde manga de camisa com a manga fruta". O aluno seguiu seu caminho, ainda com desconfiança e levando a já extinta trema consigo.

Posso tecer comentários, críticas, protestos e apoios ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Como professor de português, preciso me atualizar a um novo pacto com os alunos. Como lingüista, fico com "um pé atrás": a língua inglesa não possui um acordo ortográfico; tampouco o espanhol, que aceita várias grafias, em alguns casos. Como cidadão, vejo que o acordo não foi acordado: não foi um consenso. E mais: levantou a possibilidade real e infeliz de "abrasileiramento" da língua portuguesa pelo mundo afora. Tanto nos pusemos contra o imperialismo estadunidense e, agora, seguimos para um imperialismo zambeta querendo dominar a América Latina e os países de língua portuguesa.

E nosso "coronelismo global" já fez sua primeira chacina: a pobre e desolada trema, refugiada no alemão, no turco!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

1982

Ontem foi um dia para marcar o deterioramento do meu corpo. Um dia para me lembrar que eu envelheço. Um dia para marcar minha entrada nos 27 anos de idade, com corpinho de 45 e saúde de 80!

Dia sem fim (parte VIII)

Agora estávamos reunidos em sonho! Será? Ainda desconfiava da realidade e dos sonhos. Ainda era forte em mim a sensação de que acordaria às seis da manhã de segunda-feira para trabalhar, apesar de tudo.

“Aqui vamos encontrar a resposta.”, disse Irina, obviamente falando sobre imperadores impossíveis. O cenário vazio do sonho-reunião foi preenchido subitamente por enormes edifícios: todos da mesma forma e apresentando a mesma cor de ferro e vidro. Sarah abriu um sorriso, esticou o dedo indicador para um entre os inúmeros prédios e disse: “Lá!” A sensibilidade da moça nos conduzindo?

E para aquela direção fomos. E eu que pensava serem os sonhos lugares onde não há limitações físicas! Caminhamos, caminhamos, até chegar à porta de entrada da torre igual. Tudo parecia muito real para um sonho, pensei. E Irina leu meus pensamentos novamente: “não é um sonho. É realidade. Estamos na outra parte, no mundo da imaginação. Dormir era uma forma de virmos para cá. Numa situação normal, seria um sonho. Mas nessa mistura de mundos, não.”

Realmente. Percebi isso porque nesse instante ocorreu uma situação inusitada: um escaravelho gigante passando por nós como se estivesse nos cumprimentando. “É o Gregor Samsa! É como eu o imagino!”, exclamou admirado Wellington.

Entramos no edifício. E eis um fato estranho. Um saguão de entrada como que futurista, acompanhando a arquitetura do prédio: funcional, monocromática, sem adornos, sem arte, sem humanidade. Uma frase em latim quebrava a monotonia do lugar: “OBLIVIO IMPERATOR MUNDI”.
CONTINUA...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Parafraseando Bandeira

Vou-me embora para onde?
Pasárgada é um museu.
A Ilha de Cipango é uma utopia cara e depressiva.

Vou-me embora para onde?
Não sou amigo do rei.
O rei morreu.
Sou inimigo dos presidentes
e seus impostos.

Como terei a mulher que eu quero
na cama que escolherei
se a mulher não quer cama
(quer coisas mais nobres!)
e a cama quer doentes?

Vou-me embora para onde?
A terra santa?
A terra prometida?
Lugar onde o sangue de milhões de Davis,
Maomés,
Cristos,
é derramado sem piedade e com um leve sorriso
no rosto do algoz?

Vou-me embora para onde?
Todo lugar é aqui.
A miséria invade os jardins das mansões
e a riqueza brilha nos barracos.
A violência urbana mata mais
que guerras de generais.

Vou-me embora para onde?
O Sudão padece.
O Afeganistão padece.
O Brasil chuta barrancos
e até os Imperadores do Mundo
estão roucos
pedindo socorro.

Vou-me embora para onde?
Como fugirei para Marte
se já não temos certeza
da chegada
do homem à vizinha de porta,
Lua?
Tecnologia falsa?

Vou-me embora para onde?
A morte é doce,
mas é futuro incerto.
A vida é amarga,
mas é luta e cantoria na certa.

Não me vou embora.
Aqui ficarei
com um Molotov na mão!
Fábio Pedro Racoski

Charge do dia?

Por mais que eu ache um exagero o ódio mundial a Israel, que cerra os sentidos a tudo o que os terroristas palestinos fizeram e ainda fazem, vi essa charge, no Centro de Mídia Independente, e a julguei bem expressiva:

Está difícil para ler. Nas costas do garçom, está escrito: "United Nations".

Espartilho retrógrado?

Não: Sutiã Futurista! Esse é o nome do mais novo blogue na praça, da minha colega de profissão e amiga Merielle. Em meio a tantos machos na blogosfera, é bom ter um toque feminino entre os "feeds" assinados.

Como diria o Fitipaldi: recomendo!

http://sutiafuturista.blogspot.com/

A herança do Obama

Não vai ser fácil para Barack Hussein Obama: além de ser uma esperança para o mundo inteiro, o primeiro negro presidente dos EUA, jovem símbolo de nova força na liderança mundial (também> por que não?), o democrata terá a maior crise dos últimos oitenta anos para enfrentar.

E, para piorar, os conflitos em Israel e na Palestina: todos esperando o novo árbitro das querelas globais, Obama. E as calamidades esquecidas na África, na Ásia: quem deve lembrá-las? O defensor dos fracos e oprimidos, o baluarte da justiça: Obama-man!

Deixo com vocês a charge do Maurício Ricardo sobre o tema:

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Faça você mesmo: um ventilador de sucata

Postagem de (in)utilidade pública:

A necessidade faz o inventor! Assim, com uma velha ventoinha de processador (que outros chamam "cooler"), construí um ventilador para me aliviar o calor curitibano de 30 graus (com umidade em torno de 90%). E não é que a coisinha "venta" bem?

Os materiais usados:

- um "cooler" de processador (nesse caso, era de um Athlon XP);
- dois pedaços de fio;
- um cabo de alimentação via USB (daqueles que vêm junto com caixas acústicas portáteis).

Descobri onde eram o positivo e o negativo nos contatos do conector da ventoinha (aquele plugue branco) e liguei, através de fios (qualquer fio!), nos respectivos pólos do cabo USB. Usei a própria armação do ventilador como base.

O próximo passo é fazer um portátil. Ou ler um livro: melhor.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Nem só de Palestina e Israel vivem os horrores do mundo

Vou publicar, aqui, um comentário feito pela Marília, do ótimo blogue VidaFlôr (vdflor.blogspot.com), sobre essa onda de protestos (inclusive no Rádio Gordo!) contra a ofensiva de Israel em Gaza.
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Eu não tenho o intuito de criticar nem de menosprezar a situação das referidas pessoas.
Só estou acrescentando:

http://www.msf.org.br/noticia/msfNoticiasMostrar.asp?id=966

e também: (lista do IBGE 2007)

Somália 8.698.534 habitantes
Mianmar 48.798.212 habitantes
Sudão 38.560.492 habitantes
República Democrática do Congo 62.635.722 habitantes
Região somali da Etiópia ????
Zimbábue 13.349.436 habitantes
Iraque 28.993.376 habitantes
Paquistão 163.902.407 habitantes

O site do qual eu tirei:
http://www.ibge.gov.br/paisesat/

É que esses não parecem preocupar muito a comunidade internacional!
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Falhei!

Peço desculpas: eu deveria ter enviado a sétima parte do conto "Dia sem fim" na segunda-feira mas, distraído por estar longe do computador nestes dias, acabei esquecendo.

Perdoem-me!

Dia sem fim (Parte VII)

Depois de eu e Irina passarmos por todo o repertório violeiro, chegando até mesmo a Mercedes Sosa, Atahualpa Yupanqui e Joan Manuel Serrat, chegam enfim os dois “escolhidos”. “Vocês não se sentem num manicômio?”, perguntei. “Não: esse mundo maluco é muito melhor que o mundo da minha infância com pai bêbado que batia em mim.”, respondeu Wellington que, sim, teve uma vida de muitos obstáculos. Sarah, sempre lacônica, resumiu-se num simples “é estranho”.

“É hora de começar o sono.”, conclamou-nos Irina. Não haveria de ser em plena calçada. “Vamos para minha casa, que ainda existe, eu acho.”, disse Wellington.

E lá fomos. Uma casa simples, pequena, porém muito rica em detalhes e cuidados. Acabamos nos estendendo em colchões e sofá. “E agora?”, perguntou Sarah. “Durmam, simplesmente. A gente se encontra lá nos sonhos.”, finalizou Irina. Todos os quatro estávamos muito ansiosos e entupidos de medo: seria difícil dormir assim. Mas, do nada, um sono se abateu sobre nós, como se fosse um veneno, uma droga, um medicamento. A luta para fechar os olhos passou a ser uma batalha para deixá-los abertos. Batalha à qual todos se renderam.

Mais uma vez, um sonho estranho: eu só avistava uma neblina púrpura muito densa por todos os lados, e ouvia a voz de uma criança cantarolando qualquer canção. Chamava pela Irina e não tinha resposta. “Wellington? Sarah?”, nada... O que existia: a voz da criança a cantar e a neblina púrpura. Mais nada. E a voz da criança cada vez mais próxima. “Tolle lege””, ela cantava num latim macarrônico. “Tolle lege, tolle lege.”, tomar e ler o quê? Lembrei: esse é o canto que Agostinho ouviu e acabou levando-o a converter-se cristão. “Sonhos! Poupem-me de experiências religiosas agora, por favor!”, respondi encarando a neblina. Eis a réplica recebida: “tolle lege, tolle lege”. Essa repetição preenchendo o nada em minha volta parecia me deixar embriagado novamente. A Irina disse: “A gente se encontra lá nos sonhos.”, mas aonde estão todos? Nunca acreditei em poder de sonhos, mágica, universos paralelos, religião. Por que haveria de crê-los agora? Era mais um sonho, só isso. Tudo isso deve ser sonho, mesmo, e amanhã, segunda-feira, eu levantarei às seis para trabalhar.

Uma voz diferente, firme e já rouca do tempo, interrompe o sonho insólito: “Não negue a si mesmo, filho!”. Pai? Meu falecido pai? O vinho era forte... “Não se negue ao que você realmente crê!”, repetia meu pai. “Você está morto, pai.”, respondi. “Mas ainda vivo, em você, em outro lugar.”, replicou a voz de meu progenitor. E passei a divagar, pensar sobre mim mesmo. Por viver o modismo particular de ser cético, deixei de experimentar sentimentos comuns até mesmo para céticos, como o amor, a paixão, a compaixão. Talvez aquele sonho fosse uma prova à minha farsa. Talvez todos esses fenômenos bizarros tenham sentido fora do meu falso ceticismo.

A neblina púrpura se desfez. A voz da criança calou-se e pude ver, à minha frente, os “escolhidos”, Irina, Sarah, Wellington.
CONTINUA...

sábado, 3 de janeiro de 2009

Tomainia?

O sangue suja as sandálias de Davi

Não gosto da mania blogueira de postar notícias de outros lugares, na íntegra. Mas abro uma exceção para que você, caro leitor e cara leitora, tire suas próprias conclusões, pois a minha opinião quanto a este tema é incômoda para muitos.

A crise humanitária na Faixa de Gaza em números, segundo dados da ONU

JERUSALÉM (AFP) — A ofensiva militar de Israel contra objetivos do Hamas na Faixa de Gaza entrou neste sábado em sua segunda semana, com um saldo de pelo menos 436 palestinos mortos, quase 2.300 feridos e uma crise humanitária que preocupa a comunidade internacional.

Os dados abaixo foram fornecidos por agências da ONU, e ilustram o agravamento da situação na Faixa de Gaza, onde vivem 1,5 milhão de pessoas:

-- Um ataque aéreo israelense acontece a cada 20 minutos, em média. Os bombardeios se intensificam à noite.

-- Os ataques israelenses já destruíram mais de 600 alvos, incluindo estradas, edifícios públicos, delegacias de polícia e parte da infra-estrutura.

-- O sistema de saúde, já debilitado desde o início do bloqueio israelense há 18 meses, entrou em colapso.

-- Cerca de 250.000 pessoas estão sem eletricidade. A única central elétrica da Faixa de Gaza foi fechada no dia 30 de dezembro pela sexta vez desde o início de novembro por falta de combustível.

-- A água corrente é disponibilizada uma vez a cada cinco ou sete dias durante algumas horas.

-- Quarenta milhões de litros de esgoto são lançados no Mar Mediterrâneo diariamente. Em alguns locais, o esgoto se acumula nas ruas depois que o sistema de saneamento foi danificado pelos bombardeios.

-- O gás de cozinha e para calefação já não é encontrado no mercado.

-- Cerca de 80% da população depende inteiramente da ajuda humanitária.

-- Falta farinha, arroz, açúcar, laticínios e latas de conservas.

-- Israel permite diariamente a entrada de 60 caminhões carregados com produtos de primeira necessidade. Este número supera a quantidade permitida antes da ofensiva, mas ainda é inferior aos 475 veículos com ajuda humanitária que chegavam a Gaza antes de junho de 2007, quando o Hamas assumiu o controle do território.

-- Os dutos do terminal de Nahal Oz pelos quais chegava todo o combustível importado estão fechados desde sábado passado.

-- As escolas permanecem fechadas, mas muitas são utilizadas como abrigo por palestinos que fugiram de suas casas.

-- Os bancos estão fechados devido à falta de liquidez.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Poeminha para o Reveillon que já foi

Cá em Curitiba,
Lá no Boqueirão
Reveillon
é rebelião!
Fábio Pedro Racoski
NOTA: Créditos do trocadilho ao meu primo, Everton Purkott.

Leia sobre o Acordo

Eis aqui dois atalhos para facilitar a compreensão sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Documento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (em PDF):
http://www.filologia.org.br/acordo_ortografico.pdf

Artigo da Wikipédia sobre o Acordo (que, sim, é de 1990!), trazendo os prós, os contras e os "encimadomuros":
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1990

FFELIS ANNO NOUO!

É. Talvez você encontre, caro leitor, a saudação de ano novo escrita desta forma, mas em livros medievais.

A partir de hoje, entra em vigor o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, uma boa ideia para a unificação do português escrito. Alguns acentos (em ditongos abertos, verbos...) e a trema (in memoriam) desapareceram. Mas vou parar de encher linguiça e ir para o que interessa: mudaremos a fala?

NÃO! Este Acordo é ORTOGRÁFICO; envolve somente a escrita. Então, caro leitor, você continuará a pronunciar o português da forma que se acostumou a fazê-lo. Não, meu amigo carioca e minha amiga niteroiense: "doze" não passa a ser escrito "douze" e nem "cinquenta" passar a ser pronunciado "cinkenta".

Qual a vantagem de termos uma única ortografia, compartilhada por Angola, Portugal, Timor Leste, Cabo Verde e Brasil, entre outros? Termos o mesmo padrão escrito: ler a mesma edição de um livro em países diferentes.

A mudança na ortografia também não muda a forma de se usar a língua adotada por cada povo. Portugueses continuarão "a construir" as frases da mesma forma e os "piás" (garotos) de Curitiba ainda passarão um frio "do djanho" (do diabo) no mês de julho.

Apoie essa mudança, que agora é a norma. Alce este voo! Feliz ano novo, com nova ortografia.