“Hã? O Imperador é o esquecimento? A falta de memória? Isso não tem sentido!”, afirmei impaciente. “Mas eu disse que esse Imperador poderia ser alguma coisa e não alguém.”, replicou serenamente Irina. O imperador a quem devemos derrotar é o esquecimento. De quê? A falta de memória do povo, seria isso? É o que nós quatro discutíamos. Eu já não tinha mais paciência: esquecimento, sonhos, luta para salvar o Universo... Era tudo advindo da literatura que sempre abominei: fábulas, heróis, bem e mal, personagens superficiais...
“Esquecimento... Será que essa doideira toda é como aconteceu no filme História Sem Fim, onde o mundo da fantasia estava sumindo porque as pessoas não viviam mais as imaginações nele?”, filosofou Wellington. “E onde está o cão voador?”, repliquei ironicamente. “Mais paciência professor: o que o Wellington disse parece sem sentido, mas pode estar bem próximo do que está acontecendo.”, alertou-me Irina, não tão serenamente. “Se for isso, o que vamos fazer para impedir a destruição dos mundos?”, perguntou Sarah.
Wellington levantou-se do colchão, fez expressão de quem sabe centenas de anos de cultura e discursou: “o mundo da imaginação não é físico, como o nosso. Assim, não segue as leis universais da física. O eixo, a órbita que sustenta esse universo de imaginação parece ser, pelo menos para mim, as mentes das pessoas. Se não lemos, não assistimos filmes, não temos lendas, fábulas, heróis, vilões, terras mágicas em nossa imaginação, o mundo dos sonhos perde a sustentação. Nós devemos, então, reviver a imaginação!”.
Mas como fazer isso em horas, dias? Um mundo sem sonhos não se muda da noite para o dia.
CONTINUA...
a memória virou artigo de luxo... é um problema. eu acho que tudo cairá no esquecimento...
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