terça-feira, 12 de maio de 2009

Que palavras devo usar para agradar-te?

Notícia publicada no site da BBC Brasil, assinada por Guila Flint (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090511_papa_holocausto_gf_cq.shtml):
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O presidente do conselho do Museu do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, rabino Meir Lau, se disse "desapontado" com o discurso feito pelo papa Bento 16 na instituição israelense nesta segunda-feira.

Para Meir Lau, ex-Grão Rabino de Israel e sobrevivente do Holocausto, o líder da Igreja Católica "perdeu um momento histórico" em seu discurso, que fez parte da visita oficial de cinco dias do pontífice a Israel e aos territórios palestinos.

"Houve algumas coisas que não foram mencionadas no discurso do papa", declarou Lau, "ele não mencionou o número exato das vítimas do Holocausto e, diferentemente de seu antecessor (o papa João Paulo 2º, que visitou Jerusalém em 2000), que disse a palavra ‘assassinados', o papa atual disse que as vítimas ‘foram mortas'".

Meir Lau também disse que "o papa anterior mencionou que os assassinos foram os nazistas, e, no caso de hoje (segunda-feira), não foi dito quem foram os assassinos, não se mencionou nem os nazistas e nem os alemães".

O maior site de notícias de Israel, o Ynet, resumiu a visita do papa ao Museu do Holocausto com as palavras "acabou mal".

Em seu discurso, o papa Bento 16 condenou a negação do Holocausto e pediu que "os nomes destas vítimas nunca pereçam, que seu sofrimento nunca seja negado, depreciado ou esquecido".
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A notícia continua, mostrando a posição neutra do Governo de Israel, que chegou a criticar - indiretamente - a atitude do rabino Meir Lau.

O problema de dívidas sociais históricas é que elas dão margem para sensacionalistas, supremacistas das minorias e "porraloquistas". "Ah, meu povo sofreu isso, então você precisa falar desse jeito, com força, com gritos" ou "Os meus foram mortos pelos seus, por isso você precisa pedir desculpas para mim eternamente" são pensamentos dispensáveis nesse mundão twittado de hoje que busca a igualdade de dignidade e respeito.

Não, este gordo não quer dizer que o Mahmoud Ahmadinejad (presidente do Irã, amigo do Prince) está certo ao negar o Holocausto. Ele é maluco. O Holocausto existiu, não só para os judeus, mas para gays, comunistas, ciganos, testemunhas de Jeová, polacos em geral... Também existiu o genocídio armeno promovido pela Turquia no início do Séc. XX, pouco lembrado pelo mundo. O que quero dizer é: existem dívidas sociais; elas devem ser pagas; deve-se guardar a memória de tragédias assim para que elas não se repitam; mas não é preciso sensacionalismo e bajulação para agradar a um ou a outro.

O papa Bento XVI, nascido Joseph Ratzinger, alemão. O rabino Meir Lau, sobrevivente do Holocausto. Para que usar palavras seletas, agradar egos, se esse encontro já mostra, por si, que aquele horror é um passado superado? Sofrido, lembrado, mas superado.

Um comentário:

  1. Os holocaustos e os genocídios passados deveriam ajudar a que não acontecesse nenhum holocausto ou genocídio novamente. É uma pena, mas não é o que se vê por aí. O homem prefere matar-se entre si, ao invés de aprender a con-viver.

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