A vida acabou,
a festa chegou,
o sol não raiou,
a luz lhe ofuscou.
E agora, Maicon?
E agora, piá,
menino, guri?
Você que tem nome,
que zomba dos nomes,
que apanha dos homens,
você que faz rimas,
que fica, engravida,
agrava a vida,
e agora, Maicon?
Está sem casa,
está sem rua,
está sem escola,
está sem leito,
já não pode curtir,
já não pode viajar,
gozar já não pode,
a noite queimou,
o dia não vem,
o ônibus passou,
o tempo não veio,
não veio seu sonho
e tudo ruiu
e tudo dançou
e tudo ocultou,
e agora, Maicon?
E agora, Maicon?
Seu brilho nos olhos,
seu instante de ódio,
sua miragem cinza,
sua playlist,
seus gadgets de ouro,
sua roupa de baile, sua inconsequência,
seu tesão - e agora?
Com o controle na mão
quer mudar de canal,
não existe canal;
quer morrer de amor,
mas você secou;
quer ir pra Goiás,
não pode voltar atrás,
Maicon, e agora?
Se você ouvisse,
se você sentisse,
se você dançasse
a dança fluminense,
se você acordasse,
se você parasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você não vive, Maicon!
Sozinho na multidão
qual bicho-homem,
sem o Livro Sagrado,
sem colo de afeto
pra se aconchegar,
sem motocicleta
que fuja a fumaça,
você dança, Maicon!
Maicon, que música é você?
Fábio Pedro Racoski