Constatei tal verdade nas ruas de um bairro nobre em São Paulo. Uma dama, seguida de dois seguranças. O maior, mais forte, a seguia sempre de perto. Enquanto o mais mirrado investigava o entorno. Certamente são muito bem pagos, mas sei que eles também constataram a mesma verdade que eu vi. A dama caminhava tranquilamente com seus seguranças. Era vítima de olhares de reprovação. Iveja, claro! Apenas pessoas superiores precisam andar com seguranças, justamente por causa da inveja.
Por muitas quadras eu a segui, de longe. Às vezes os seguranças me olhavam com desconfiança, mas a dama não se abatia e continuava sua caminhada. Por fim, chegaram à mansão. Aí pude perceber que, além de ser uma dama de alta classe, aquela mulher era muito generosa e carinhosa, pois dormia em seus aposentos com os dois seguranças, e todos se cuidavam mutuamente.
A senhora de alta classe? Uma moradora de rua. E os dois fiéis seguranças? Cachorros, que tinham como pagamento o afeto da dama e alguns pedaços de pão.
Fábio Pedro Racoski