quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O exílio de Midei Shempaz (parte I)

Certo dia, depois de ser perseguido pela Associação das Senhoras Cristãs em Defesa da Retidão e da Moral, o grande sábio Midei Shempaz resolveu não comprar briga e exilou-se da sua terra de todos os dias e madrugadas, o Curitestão.

Ao ultrapassar as fronteiras curitãs, Midei Shempaz deixou todo um povo – exceto a Associação das Senhoras Cristãs em Defesa da Retidão e da Moral – chorando de saudade prévia. Midei Shempaz também chorava. Mesmo sendo sábio, não entendia por que as Senhoras Cristãs em Defesa da Retidão e da Moral o condenavam; afinal, beber Steinhäger todos os dias era como uma sicuta renovadora que libertava seu Sócrates interior dos malditos sofistas.

Depois de muito andar, já distante da fronteira, Midei Shempaz sentou numa cadeira de bar, tirou sua sanfona de 48 baixos da capa e começou a cantarolar a sua canção do exílio. Era assim a sofrida cantiga:

Ai, minha terra que não vejo!
O silêncio moribundo
nesse peito vagabundo
tem a volta por desejo!

Ai, minha terra que não ouço!
Por viver de vadiar
querem me trancafiar,
me jogar num calabouço.

Ai, minha terra que não sinto!
Tua terra vou perdendo
por essas velhas querendo
me enforcar, cortar meus dedos.

Ai, minha terra, estou entregue!
Bebo muito e falo pouco
porque já estou todo rouco
de saudade do Steinhäger.

Os grandes sábios sempre são incompreendidos. Mais um chope!

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