terça-feira, 25 de dezembro de 2012

#microcontos

De tanto querer agradar os outros, nada lhe agradava.
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Seus olhos fechados para o mundo só enxergavam o semblante daquela paixão não vista.
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Em passos incertos encontrou o abraço certo.
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A dois, vivia meia vida.
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Sua segurança era perder o chão com ela.
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Entre tantos seres e tantos espaços, a consciência escolheu ser humana.
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Não tinha medo das gentes. Temia ser gente no meio da gente.
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Escondia tanto sua beleza que todos podiam vê-la, menos ele.
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Era um verme, a devorar sua própria felicidade.
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Não suportava mais carregar o peso de sua solidão, e ninguém era leve o bastante para ajudá-lo.
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Seus olhos a seguiam enquanto seu coração se ofuscava.
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Debaixo dos cachos negros, uma beleza em síntese.
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O âmbar dos seus olhos a natureza não consegue refletir em valor e beleza.
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Sua aula mais valiosa foi ministrada por um professor chamado Solidão.
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É tão adorável que seu riso me faz voar.
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Não sabia ser-se e, por isso, não sabia dar-se.
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Entre luzes, sons e bebidas, uma festa de palavras.
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Em seu corpo pequeno, toda a inestimável beleza do ser.
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Doa-se para restauração um coração abandonado e empoeirado.
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O tempo age inversamente de acordo com as nossas vontades.
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Quanto mais pessoas ao seu redor, mais sozinho se sentia.
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E aquela sensação de envelhecer sem ainda ter crescido.
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Quando ela diz: "em que posso servi-lo?", meu pensamento sussurra: "eu é que quero ser seu servo".
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Que energia é essa em teu olhar que faz parar o tempo?
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Todo dia é fim do mundo para eles, e todo amanhã é um mundo novo.
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De tanto ser humano, esqueceu-se de ser deus.
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Todas as vozes cantavam por amor em seu coral de si mesmo.
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E somos nós, sempre nós, os culpados por não ter culpa de nada.
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Uma cerveja bem amarga pra tirar essa amargura do peito.
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Ele sentava-se sozinho numa mesa para quatro, pois sua solidão ocupava todos os lugares.

Fábio Pedro Racoski

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