sábado, 4 de abril de 2015

Na manhã da minha vida

Poema dedicado ao menino Eduardo de Jesus Ferreira,
à sua mãe, Terezinha Maria de Jesus,
e a todos os seres humanos de verdade.

na manhã da minha vida,
enquanto você come
seu cereal encaixotado,
enquanto você brinca
de ser dono das pessoas,
enquanto você sente
preguiça de sair dos aposentos,
o sol se apaga pra mim.

na manhã da minha vida,
enquanto você
já chegou na noite,
enquanto você reclama
da comida uma vez repetida,
enquanto você xinga
quem você ama por não saber amar,
só me resta o amor da minha mãe.

na manhã da minha vida,
enquanto você tem nome
e sobrenome,
enquanto você conta
seus sonhos,
eu não tenho sobrenome,
eu não conto mais.
eu sou Eduardo,
eu sou todomundo,
e sou o futuro do pretérito.
o futuro preterido.
não vi o por do sol.
não pude brincar de ser adulto.

Fábio Pedro Racoski

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