minha esperança valeu.
A primavera chegou
com nuvens pesadas
e céu cinzento
como chumbo.
Ah, o cinza...
A paixão da minha vida
e da minha morte.
A cor dos meus olhos,
uma cor tão minha
ainda que impregnada em todos.
Gosto do cinza
como quem se afeiçoa
à imagem de um
palhaço triste.
Ou como quem se alegra
por gostar de algo
que ninguém gosta.
O cinza do rosto de Chaplin,
o cinza da quarta-feira,
o cinza do lápis com o qual
escrevi meus primeiros versos
(tentativas inúteis
de conquistar as mais belas
colegas de classe).
O cinza dos cabelos
que carregam história,
mais do que eu
posso aguentar.
Se o vermelho é paixão,
se o verde é esperança,
se o branco é paz
e o preto é luto,
o cinza é fruto
da mistura de alegria,
tristeza, gravidade
e serenidade
da vida só.
Não, não sou solitário:
sou cinza.
"Com todo direito a sê-lo."
Fábio Pedro Racoski
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSou eu, também. Cinza, "com todo direito a sê-lo". Eu me identifico muito com os seus poemas... Beijos, com saudade (já, acredite!).
ResponderExcluirVinha lendo o poema, despretensiosamente, até chegar à última estrofe. Aí, meu amigo, pausa, leio, releio e aplausos. E quem não é cinza, pelo menos de vez em quando?
ResponderExcluirCinza e amarelo tem muito disso sabia?
ResponderExcluirComo disse: "mistura de alegria, tristeza, gravidade e serenidade da vida só".
É sim. São duas cores ignoradas, rejeitadas...
Mas, as mais belas!
Pois, eu julguei tão mal o cinza. Esqueci de pequenos detalhes, que escreveste,ô poeta: " o cinza do lápis com o qual escrevi meus primeiros versos.."
ResponderExcluirNão me esquecerei. Um bjo.