sábado, 24 de outubro de 2009

O olho do mal

Ai, meu olho esquerdo... Inchado, inflamado, "conjuntivítico". E eu, por dois dias, mantive minha rotina de trabalho com a órbita ocular fazendo pressão no cérebro, causando uma dor de cabeça incrivelmente latejante.

Depois de ouvir palavras dos colegas de trabalho como "por que veio trabalhar?", e os alunos, em concordância, "por que não ficou em casa, professor?", depois de trabalhar na sexta-feira até as 21:30 (normalmente seria até as 22:30), fui para casa, depois de horas de aulas de português. Acordei no sábado causando um tremendo susto em minha mãe e minha irmã, tamanha era a monstruosidade do sinistro olho moribundo.

"Vou te levar no médico da clínica", disse minha irmã (sob ordens de minha mãe). E lá fomos, ainda de manhã, pagar 40 reais para a consulta. Esperei dois minutos e a enfermeira convocou-me para a pré-consulta. Pressão como sempre, 12 por 8 (difícil para alguém da minha circunferência), temperatura sovacal normal, a língua uma beleza. E lá fui à outra sala, ser atendido por um médico de sotaque sulamericano.

O simpático hispânico pediu que eu desligasse o celular - e o fiz. Examinou novamente minhas entranhas bucais, examinou o olho-monstro (o que causou alguma dor), apontou-me uma lanterna ofuscante, pediu para que eu contasse a história do meu mal. "Estou passando colírio tobramicina", contei ao doutor. "Sí, sí, continuarás con ele.", disse o doutor, que me receitou mais dois medicamentos: um antibiótico cefalexina e uma pomada gentamicina. Disse-me que infecção no olho é coisa muito séria, e deve ser combatida por todas as vias - superiores, pelo menos.

Pechinchei preços na quarta farmácia para os antibióticos e continuei em busca da gentamicina, mais sumida e procurada que o Santo Graal. Depois de algumas sessões do tratamento intensivo, já no sábado à noite, a pelota verruguenta do olho esquerdo perdeu a coloração roxo-defunto para ganhar um tom vermelho-irritação. A aparência no rosto ainda lembra um Rocky Balboa surrado pelo Apollo Creed (só não grito pela Adrian).

O destino assombroso do olho do mal ainda está por vir...

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