quarta-feira, 28 de outubro de 2009

República ou... ou... ?

“Liberdade, abre as asas sobre nós!” Assim roga o refrão do Hino da Proclamação da República, fato histórico ocorrido no dia 15 de novembro de 1889. Na manhã daquele dia, o marechal alagoano Deodoro da Fonseca deu início a uma mudança radical na forma de governar: o Império Brasileiro deixa de existir para se transformar na República do Brasil. Agora, podíamos eleger todos os governantes, desde o prefeito até o presidente.

Mas a República não começou assim: ela foi fruto de um golpe militar, comandado por oficiais de alta patente, que tinham como primeiro representante o marechal Deodoro da Fonseca. Assim que a junta militar tomou o poder, tratou de expulsar a família imperial do Brasil (que voltaria ao Brasil mais de 50 anos depois, sendo o maior exílio político da história de nosso país); muitos foram presos, torturados e mortos. O sonho de uma República no sentido da palavra (do latim “res publica”, "coisa pública") ficou para depois.

No início, apenas pessoas de classe média e as mais abastadas podiam votar. Depois de muitos anos, a mulher conquistou esse direito. Só nos anos 50 é que o Brasil viveu a primeira era realmente democrática, com eleições diretas para os poderes legislativo e executivo, abrangendo todos os cidadãos, sem distinção alguma.

Mas eis que, em 1964, os militares novamente tomam o poder, instaurando uma ditadura mortal e absurda que durou duas décadas. O milagre econômico dessa época se mostrou, décadas depois, uma mentira nojenta, uma farsa que trouxe dívidas astronômicas ao país.

Em 1989, cinco anos depois da campanha “Diretas Já!”, os brasileiros novamente poderiam escolher seu presidente. Numa democracia tão jovem e tão inexperiente, não é de se espantar que Fernando Collor tenha saído vitorioso, mesmo sem propostas concretas, e vindo a ser, depois, o protagonista do mais vergonhoso escândalo de corrupção do país.

Agora, em 2009, com algumas décadas acumuladas de República democrática, o Brasil ainda sofre com escândalos de corrupção, descaso das autoridades, deficiência em educação, saúde, transportes, segurança... Melhor que antes? Talvez.

E o que nós devemos fazer? Como diria Santo Agostinho: todos devemos ter o coração inquieto, assim como Martinho Lutero, frade agostiniano que se revoltou contra a sucursal do inferno que tinha se transformado a igreja católica. Nós também, temos como necessidade cultural e social estarmos sempre inquietos, a fiscalizar, cobrar, escolher bem o candidato a quem votar, até mesmo fazer panelaço: por que não? É de se invejar a politização de nossos hermanos argentinos.

Um comentário:

  1. Essa é uma reflexão interessante, fiquei muito feliz de ler. Queria ver um outro ponto de vista sobre a República do Brasil, era um trabalho que elaborava na escola. No entanto, o professor pediu para ler um texto acadêmico, do Bóris Fausto, fiquei um pouco confusa. Consegui formar a opinião, mas não era muito bem definida. Você acabou me ajudando muito na minha reflexão. Um grande abraço.

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