sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Doppelgänger

Eu não sou eu.
Eu queria ser eu.
Mas eu estou lá,
do lado de fora
do espelho.

Eu, daqui,
tenho desejo
de sujar facas
com sangue alheio.
Tenho ânsia de
esmagar pescoços
entre minhas mãos.
Quero rir
da desgraça
dos meus.

Eu quero ser
o Anticristo,
o iconoclasta,
o Senhor das Moscas.

Mas eu estou preso,
aqui deste lado.
Eu queria ser eu.
Mas eu não quero,
abomino-o.
Mas vejo-o,
e sei que vou morrer
pelas mãos dele.

Fábio Pedro Racoski

3 comentários:

  1. Bem que eu desconfiei que todos nós tínhamos um lado psicopata...
    =D

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  2. Me fez lembrar... "Eu não sou eu, nem sou o outro... Sou qualquer coisa de intermédio..." Muito bom o poema! Beeeijos!

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