As enchentes de janeiro. Novamente este tema, em blogues, no Twitter, nos jornais e na mídia de massa por excelência: a televisão. Repórteres atualizando a todo momento o número de vítimas. Mortos: como se só os falecidos fossem vítimas. Lendo o texto do Bruno Cava, "Não estou nem aí para os mortos", refleti sobre o que vejo na TV, o que acontece e sobre o que devemos nós realmente discutir, debater, tuitar, blogar, etc.
O que vejo é um triste espetáculo sem graça, uma telenovela de péssimo gosto, uma "mostra de realidade" (reality show, em inglês) onde o real se perde sob as diversas camadas de narrativas que lembram um dramalhão sonolento. É assim que as mídias - essencialmente a mídia televisiva, mais abrangente - retratam os ocorridos das enchentes no Brasil. Distanciando e escondendo ao invés de cumprir seu papel, o de informar, a imprensa compete com Silvio de Abreu, Boninho, Pedro Bial e Silvio Santos para ver quem consegue mais pontos no Ibope e, para isso, utiliza os mesmos recursos de seus colegas midiáticos: sensacionalismo, populismo, hypes, moda e uma camuflagem tendenciosa para amplificar factoides e esconder fatos, o "photoshop-jornalismo". O cidadão, desacostumado a receber informações que o levem à crítica, engole goela abaixo essa salada que, de tão indigesta, lhe faz derramar uma lágrima seca de compaixão oca.
E o que acontece? Um desastre. A força da natureza levando tudo: tristemente arrasando vilas, casas, famílias, cidades. E muita gente agindo: ajudando, seguindo, prontos para reconstruir e começar de novo, apesar da falta de previsão e prevenção de desastres. Apesar da falta de cidade em seu espaço citadino.
O que realmente podemos e - na minha humilde opinião - devemos discutir é: quais ações precisam ser realizadas para que nada disso se repita. O impacto de tais desastres, a infraestrutura das moradias - remoção de casas em áreas de risco para outros lugares, ações preventivas -, sem acomodar-se na fácil tarefa - que já exerci - de apenas criticar, apontar defeitos, culpar os políticos. A cidade é feita por todos, não apenas por políticos. É responsabilidade também sua, minha, de todos, zelar pelo bom funcionamento desta errante porém amadurescente nação chamada Brasil.
Quanto à mídia sensacionalista e vazia, sugiro apenas que desligue a TV.
Concordo que possa existir um exagero, mas não acho que a mídia esteja tão errada. estão informando, sempre que possível. Claro, a demanda é grande. Eu parabenizo o povo da web (redes sociais, etc). Mobilizando-se e noticiando com maior acertividade.
ResponderExcluirNO final, erramos todos. Nós que fomos morar onde nào devíamos; nós que usufruimos do planeta com leviandade; nós que achamos que nossa responsabilidade é apenas no dia de eleição.
No final, amigo, a culpa é única e exclusivamente NOSSA.
Ouvir a verdade é doloroso.
Colhemos o que plantamos.
Curti sua postagem, sem falso moralismo e sem hipocrisia. As perdas são grandes, fato, mas somente isso é explorado. Pouco se explora sobre o que fazer a partir de agora e pouca ajuda.
ResponderExcluirCreio que sos números sirvam para mostrar as perdas e nos colocar para pensar no que fazer, mas não como foco principal.
Beijos
Anny
Oi Fábio
ResponderExcluirSeu post me faz ver que não sou a única a me indignar com certas coisas, nem sou a única a "odiar" as vezes o que a mídia consegue fazer com certas situações...eu me zango quando vejo notícias de tragédias e logo na sequência destaques sobre o BBB, me zango quando falam sobre números de mortes que aumentam a toda hora e encerram mostrando Ronaldinho Gaúcho ou então os desfechos "emocionantes" da novela...
Entendo o que o jornal precisa fazer. Entendo a posição de comunicar, informar, mas tem coisa que se torna desumana, se torna fria e insensível, não sei se isso passa despercebido ou se eu sou, sensível demais!
Parece, como disse, que só os números importam, e a solidariedade fica lá, como fechamento de notícia.