quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Se a vida fosse um filme...

Você brincava na rua,
na frente de casa,
e eu ficava olhando suas pernas brancas,
fazendo piada com suas sardas.
Éramos crianças, bobas, lúdicas,
como se deve ser.
Você zombava do meu cabelo crespo,
"que nem do Diabo!".

O destino fez-nos estudar na mesma turma.
Eu, um aluno adiantado nas letras e nas histórias.
Você, a mais bonitinha da sala. E boa em cálculos.
Continuávamos a zombar-nos mutuamente.

Mais alguns anos: entramos na adolescência.
Você, uma bela moça;
eu, um tímido bobão.
Você me defendia,
mas eu não podia deixar
de atacar a mim mesmo!

Mais alguns anos: a juventude.
Hormônios à flor da pele.
Desencontros, bebedeiras, clausura...

E cá estamos nós, depois de tantos anos!
Adultos, passados por diversas modas,
jogos, ritmos, gostos.
Você ainda brincando na frente de sua casa,
acenando formalmente
como quem cumprimenta
um passante qualquer.
Você vivida, feliz,
e eu recluso em mim mesmo,
falido, repleto de tempo perdido.

Você ainda mora lá,
A cinqüenta metros de mim.
Meu Deus, que maldita distância!
Fábio Pedro Racoski

6 comentários:

  1. Olá Fábio
    Resumindo e concluindo; Está a 50 metros de ser feliz!
    Nem que esses 50 metros sejam a volta ao mundo,arrisque!!!!
    "Quem não arrisca, não petisca!"
    Tenha um bom fim de semana e um Carnal com muita alegria.

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  2. Bonito. Delicado. Se é algo da sua vida, muito bonito. Se não é, é ainda mais.

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  3. Não é algo de minha vida. Mas poderia ser pois, como diria Fernando Pessoa:

    "O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    que chega a fingir que é dor
    a dor que deveras sente."

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