quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Zilda Arns

Mais uma tragédia mundial: o terremoto no Haiti causou a morte de muitas pessoas. Entre elas, a fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral do Idoso, Zilda Arns.

Conheço o trabalho da doutora Zilda; sei o quanto foi e é importante para as famílias de vários lugares pelo mundo afora a ação dos agentes da Pastoral da Criança; vi com meus olhos vidas salvas pelo acolhimento dos voluntários e o uso da multimistura, o maná criado pela doutora com sobras de alimentos. Também assisto às pessoas idosas encontrando vida nova nos trabalhos da Pastoral do Idoso.

Mas, para além disso, Zilda Arns era uma daquelas pessoas que conquistam à primeira vista. Não pelo charme ou pela elegância: é pelo sorriso de uma pessoa boa, realmente bondosa, generosa, altruísta. Ela não adotou bebês africanos para desfilá-los em passarelas de Hollywood; ela não montou uma bandinha com crianças pobres para dizer que faz alguma coisa. A doutora amassou barro, foi até as pessoas, sem precisar de câmeras lhe acompanhando.

Não vou me admirar se, agora, o parlamento norueguês entregar o Prêmio Nobel à Pastoral da Criança. Demagogos, como qualquer político, adoram fazer homenagens póstumas. Fiquem eles com o prêmio para seus senhores da guerra: a Pastoral da Criança é muito maior e mais importante que qualquer Nobel.

Pensei em fazer um poema. Pensei em fazer um vídeo com uma bela canção ao fundo. Não: seria mais um demagogo ao fazê-lo. Seria burro e cego. Espero que o mundo não esqueça, e que as pastorais, algo de bom em meio a uma igreja católica politiqueira e suja, continuem.

3 comentários:

  1. Esse texto me deixou com aquele nó na garganta, sabe? Não sei que palavras usar, não sei que adjetivos atribuir a ele, a você, ao seu modo de escrever, ao conteúdo (tão profundo) de seu texto. Fico aqui, quietinha, matutando... Melhor calar, apenas.

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  2. Grande perda. Que não haja um minuto de silêncio por Zilda Arns, mas uma vida de trabalho, continuando de onde ela parou.

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  3. Não conhecia Zilda, nem o seu belo trabalho que você descreveu, - nós nunca conhecemos as pessoas que realmente trabalham. Realmente, foi uma perda, não sei o que dizer. Um bjo.

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