“O senhor é o único que pode arrumar toda essa bagunça, professor”, disse-me Irina com os olhos de ver pai. “Eu? Arrumar? Arrumar o quê?”, o único pensamento frutífero em minha mente. “Arrumar os mundos que se misturaram”. Segundo minha querida aluna (seria eu aluno e ela a professora?), o sol roxo, os devaneios da minha última noite de sono, as viagens inexplicáveis entre mundos de sóis multicolores, isso tudo era resultado do prólogo de uma tragédia: mundos se chocando, uns contra os outros, e acabando com a realidade em cada um para que exista uma só, onde o Imperador governe.
“Não são universos paralelos!”, exclamou Irina, novamente antecipando-se ao meu pensamento. “São mundos diferentes, não-paralelos, não-lineares. Mundos reais e imaginários. Olhe no seu relógio, professor. Já se passaram dezenove horas de segunda-feira e ainda estamos com o sol, ainda que roxo, da manhã. Veja lá, no fim da rua: aquele vestido de casaca azul. É o Werter!”
Werter não é, nem de perto, meu preferido no mundo da imaginação literária. Então: o que ele fazia ali? Como mundos imaginários podem invadir a realidade? Era o vinho, só podia ser. Mas Irina leu meus pensamentos e arrematou: “Há mundos imaginados tão intensamente que ganham força para preencher dimensões físicas, ainda que não sejam as nossas. Quem sabe eu seja um sonho seu, professor. Para mim o senhor é o professor que eu sempre sonhei em ter: afeto de pai, carinho de amigo e porte de mestre”.
Nunca havia me emocionado com declarações de alunos. Os presentes de fim de ano, carro de som, homenagens... Mas o que Irina disse me tocou de verdade, pois seus olhos negros não vestiam a capa da falsidade. Não me surgiam respostas, agradecimentos. Somente uma vontade forte de beijá-la a testa e foi o que fiz.
“Por favor, Irina, me explique: por que esses mundos – um mais insano que o outro - estão se mesclando? Quem é esse Imperador (tivemos vários)? Por que eu e para quê?”
CONTINUA...
Nooossa... que pira...os mundos imaginários invadem a realidade.. vou mentalizar bem forte...
ResponderExcluirOlá Fábio
ResponderExcluirApenas me resta agradecer suas lindas palavras, que sabor especial têm ao vir do outro lado do oceano.
Afinal sempre vou manter o blogue. Acredito plenamente em que a amizade é superior ao mau feitio das pessoas.
Muito obrigado amigo, tudo de bom para si.
Um abraço deste lado do oceano.
Ahhhhhhh! Não aguento '-' Quero saber como acabaaa!
ResponderExcluirO negócio está ficando cada vez mais intrigante? Agora, essa relação professor-aluna está muito no limite... por mais beijo na testa que esse professor tenha vontade de dar.
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