domingo, 28 de dezembro de 2008

Dia sem fim (parte VI)

“Uma batalha? Eu vou ter que pegar em rifles e lutar contra esse carcamano?”, perguntei assustado a Irina. “Não, professor. A batalha é contra a fusão dos mundos: se eles se misturarem de vez, os dois deixarão de existir. Precisamos do Imperador, para saber como podemos impedir essa fusão.”

“E onde eu encontro esse Imperador?”, perguntei já sonolento. “Em seus sonhos, professor. Mas você precisa esperar mais duas pessoas antes de dormir. São dois escolhidos para a batalha: Wellington e Sarah.”

Eu os conheço: Wellington é zelador de uma das escolas onde trabalho. Sarah é balconista em uma padaria perto da minha casa. Eis a situação: um professor de história, fã de música caipira; um zelador que “curte” reggae; e uma balconista adolescente metaleira. Escolhidos ecléticos...

Irina explicou-me: “Wellington gosta de ler, principalmente fábulas heróicas ao estilo Senhor dos Anéis. Sarah é a música e, também, a que tem mais espiritualidade aqui. Espere, professor, que logo vocês vão encontrar o Imperador.”

Eu já não me embriagava mais de informações, ainda que o clima parecesse muito psicodélico para alguém que não consumiu LSD. Enquanto esperava para dormir – vejam só! –, cantarolava melodias das canções de minha infância. “Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais...” Eis que Irina, tão jovem, continuou a canção junto a mim. E lá fomos nós, cantarolando músicas de Almir Sater, Tião Carreiro, Silvio Britto, Pena Branca e Xavantinho... Músicas: formavam meu elo com a “realidade” que eu um dia vivi.
CONTINUA...

3 comentários:

  1. Folhetim Fantástico! Essa coisa da música ser o elo com a realidade... e as personagens... cada vez mais peculiares.

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  2. Muito, muito bom mesmo!

    Me pergunto como você consegue assunto para postar todos os dias ^^

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  3. Olá Fábio
    Texto engraçado, mas isto é alguma novela, romance, ou?
    Amigo, quero desejar a si, sua família e para todos aqueles que consigo partilham a vida, para que tenham um Ano de 2009 com muita saúde, amor, paz, e porque não, com muitos Reais na carteira.
    Um abraço para si e continuação de Boas-Férias.
    Deste seu amigo,
    A. Soberbo

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